A casa perfeita é aquela que proporciona o lar e permite que se desenvolva ali a afeição.
É onde não apenas se mora, mas se habita. E isso ocorre quando o corpo vai se adequando aos seus movimentos e vice-versa. Ela faz com que os ambientes lembrem quem os foi experimentando.
Nela, se desenvolve um cheiro de lar, de lembranças nos detalhes que vão surgindo.
Se sente o gosto do almoço passado. Se escutam as conversas de ontem à noite.
Em uma janela, o céu se enquadra; em uma outra, pode-se ver um desenho interessante feito pela luz do sol.
A casa perfeita exige intimidade. Te faz companhia na profunda — e necessária — solidão do quarto.
É nela onde imperam os maiores silêncios e as melhores conversas. Ela te faz sentir à vontade, andar descalço, em chão finalmente firme, depois de mais um dia de trabalho.
É nela onde simplesmente ficamos olhando para o teto e as paredes, com vazios onde se projetam sonhos.
Ela abriga os medos, as fantasias, os devaneios e os gostos mais estranhos.
Ela é uma base que nos faz viajar: no tempo, nas ideias, nas lembranças.
Ela nos faz olhar para dentro e sonhar com o que se passa lá fora.
A casa perfeita é a revelação mais sigilosa, e o esconderijo menos secreto.