top of page
Foto do escritorescritório arquitetura

Como otimizar espaços para crianças autistas | arquitetura sensorial para autismo

Atualizado: 17 de set.

O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é uma série de condições desafiadoras em relação às habilidades sociais, englobando comportamento e comunicação. O termo “espectro” é devido à ampla variação em relação a cada pessoa que apresenta TEA e o tipo de influência e intensidade enfrentados.


O autismo, sendo parte desse espectro, é caracterizado pela dificuldade da comunicação e interação social. A intervenção precoce é de grande importância na melhora dessas habilidades, através do acompanhamento com um psicólogo.


Psicoterapia, fonoaudiologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, atividade física e musicoterapia, são atividades bastante recomendadas.


Uma questão ainda pouco discutida é a forma com que pequenos autistas podem lidar melhor com o ambiente em si, de forma a melhorar suas experiências e oferecer a eles um maior bem-estar.

O autismo pode ser entendido como uma alteração de percepção entre o indivíduo e o ambiente que o cerca, limitando, muitas vezes, o seu conhecimento do mundo. Há uma confusão na recepção de informações e dos sentidos.


Assim, para os autistas, o mundo externo passa a ser repleto de ruídos, fortes odores e caos visual. Todos esses fatores causam insegurança e instabilidade.


sensorial para autismo

"Suspeito que os pesquisadores simplesmente não entendem a urgência do problema.

Eles não conseguem imaginar um mundo onde roupas que pinicam o fazem sentir-se pegando fogo,

ou onde uma sirene soa como se alguém estivesse perfurando meu crânio com uma furadeira...

como socializar pessoas que não toleram o ambiente onde devem se mostrar sociáveis?".

(GRANDIN, 2016, p. 80).

Os sentidos ficam super ativos, fazendo com que o autista capte tudo, sem mesmo conseguir identificar qual deles se sobressai no momento.


Assim, juntamente com os pais, também é papel dos planejadores de espaços — sejam eles arquitetos ou designers de interiores — cooperar para a inclusão dessas crianças no ambiente. Por isso, trouxemos aqui nossa breve contribuição para arquitetura sensorial para autismo.

 

Confira aqui:

 

Esperamos, com as dicas abaixo, contribuir com ideias de como montar espaços adequados para autistas.

1. Luzes e cores

Forte incidência solar é um fator incômodo.

Para solucioná-la, podem ser usados elementos de barreira, como: persianas, pergolados e brises, deixando a luz mais difusa. Esse é um aspecto muito relevante em termos de design de interiores para autismo.

Luz artificial em demasia também incomoda, principalmente se for a luz branca.

Recomenda-se um iluminação de temperatura mais suave.


O ideal é que os pontos de luz possam ser controlados.

Por isso, pode ser interessante usar essas soluções:


• Vários spots fracos ;

• Iluminação indireta, como as feitas com fitas de LED;

• Dimerizadores

Lembramos que cores são intensidades luminosas. Por isso, deve haver cautela na aplicação desses estímulos visuais, devendo ser evitadas cores de alta intensidade.


iluminação para autista, arquitetura sensorial para autismo, design de interiores para autismo

2. Formas e texturas

Formas primárias da geometria, como círculos, retângulos e triângulos são uma espécie de elo universal que liga a consciência humana ao mundo externo, sendo elas facilmente reconhecidas pelas crianças.


• Por esse motivo, o uso de enfeites deve ser moderado. Nada de estímulos complexos na decoração, com desenhos que a criança não absorve com facilidade.

• A preferência é por poucos tipos de materiais e mobiliários de formas simples.


quarto sensorial autismo, arquitetura sensorial para autismo, design de interiores para autismo

3. Sons

O cuidado com os sons abrange desde o uso do piso até o uso do trilho das janelas e portas.

• Vale citar: pisos acústicos, janelas acústicas e telhas acústicas.

• O uso do forro é indispensável.

• Atenção à vedação das portas e janelas.


quarto sensorial autismo, arquitetura sensorial para autismo, design de interiores para autismo

4. Olfato

• Plantas, sobretudo em ambientes internos e jardins de inverno, devem possuir aroma suave ou imperceptível.

• Vale citar o cuidado com materiais que exigem manutenção constante com cheiros fortes, como o do verniz.


plantas para autismo

5. Setorização

Os ambientes propícios para os autistas são aqueles setorizados por estímulo sensorial e não genericamente por atividade.


Por exemplo: a mesa onde são feitas as refeições (paladar) fica em um setor e a de fazer as tarefas (visão) fica em outro. Outra solução é criar modos de transição entre um estímulo e outro.


quarto sensorial autismo, arquitetura sensorial para autismo, design de interiores para autismo

6. O Refúgio

Uma dica de grande valor, principalmente para o quarto sensorial para autismo, é: criar um miniambiente aconchegante no qual a criança possa fugir dos estímulos sensoriais.

É uma espécie de nicho ou cabana minimalista:

quarto sensorial autismo refugio cabana, quarto sensorial autismo, arquitetura sensorial para autismo, design de interiores para autismo, cabana infantil

• formas simples

• um material só

• cores neutras

• barreira visual

• barreira acústica

7. Equilíbrio

Ao adotar uma abordagem de minimização de provocações sensoriais, é preciso trabalhar com um limite de variação de estímulos ao mesmo tempo em que se diminui sua intensidade.


O acompanhamento profissional multidisciplinar auxilia os pais a perceberem os limites de cada criança, para que não sintam insegurança através do excesso e nem isolamento através de sua falta.


 

Palavras finais

Nossos corpos e movimentos interagem com o ambiente interruptamente. Mundo e indivíduo se definem e se redefinem a todo instante.

Além disso, a existência trata-se de uma experiência onde espaço e corpo não podem ser separados, moldando e remodelando a identidade humana.

Nesse sentido, compreender o autismo é um desafio que coloca essa relação em discussão:

Que barreiras dividem o autista do espaço? Que limites envolvem a tolerância do autista aos estímulos sensoriais? Até onde esses estímulos são maléficos e até onde eles auxiliam no desenvolvimento social?

É preciso fazer as pazes entre o indivíduo e o espaço.



 

Fontes:

GRANDIN, Temple; PANEK, Richard. O cérebro autista: pensando através do espectro. Rio de Janeiro: Record 2016.

Fique por Dentro

Gratos!

whastapp
bottom of page