A concepção urbanística de Brasília é tombada como patrimônio mundial – algo que é singular, já que geralmente o tombamento ocorre em escala arquitetônica. A capital é uma cidade modernista, com ideias vigentes da época: grande arborização; racionalidade; eixo administrativo; edifícios sobre pilotis.
De longe, é possível compreender a ousadia de se ter construído uma cidade com um traçado racional em meio ao cerrado. Mas há um elemento que vale a pena se observar bem de perto, bem a fundo: a superquadra. É interessante perceber as expressões e o êxtase de alguns moradores das primeiras superquadras de Brasília, quando estão falando sobre como é viver na quadra modelo, a 308 sul. A quadra é conhecida por sua originalidade quanto à proposta de Lúcio Costa e foi projetada para servir de modelo de superquadra.
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A natureza é uma questão muito marcante nas superquadras, e o fato de as fachadas de todos os apartamentos (no projeto) serem voltadas para as árvores e terem bastante presença dos vidros é como se todas as salas e quartos tivessem um jardim, mas um jardim que, na verdade, é de todos. A área comum das superquadras parece um pátio interno – algo que traz uma noção de aconchego e familiaridade, e os pilotis reforçam essa ideia.
Essa visão de fraternização das também aparece na proximidade das pessoas ao conceber o clube de vizinhança, as escolas e a igrejinha. O caso de os edifícios possuírem seis andares se mostra curioso porque Lúcio Costa dizia que é até o sexto andar que há uma grande relação com o chão, relação tal que, segundo ele, permitia que o filho que estivesse brincando embaixo pudesse ouvir o chamado que viesse de sua mãe, lá do sexto andar. O urbanista buscou uma originalidade, trazendo para a ideia de superquadra uma identidade, uma linguagem própria brasileira.
Para além do urbanismo, a quadra é artisticamente privilegiada por conter a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, de autoria de Oscar Niemeyer, com os azulejos de Athos Bulcão na fachada; e um laguinho com jardim projetados pelo paisagista Burle Marx. Além disso, todos os prédios possuem grandes panos de vidro e cobogós (paredes de tijolinhos vazados) em suas fachadas.
Você já visitou a quadra modelo?
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